"Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia;
 somos reputados como ovelhas para o matadouro. " 
Sl 44:22
Conjectura politica Húngara 
Com o fim da 2º guerra mundial a Hungria se viu sobre o pesado julgo da União Soviética, com a massiva presença do Exército Vermelho o modelo político de coalizão foi aos poucos sendo substituído por um regime de governo controlado pelo Partido comunista húngaro. 
O poder de ministro do interior sob a supervisão da Autoridade de Proteção do Estado - ÀVH - foi transferido para membros de confiança do Partido Comunista, forma-se então uma rede de complôs, falsas acusações, prisões e torturas. Após a fusão do Partido Comunista ao Partido Social Democrata, chega ao fim a democracia pluripartidária do país.
No front religioso, mas especificamente católico,  não diferente das outras experiências comunistas houve perseguição aos filhos da Cruz. Gyula Agusy, em seu livro "Mártires Católicos na Hungria" publicado em 1990, relata a repressão sofrida pela Igreja: dezenas de sacerdotes e seus templos tornaram-se réus de tribunais anticlericais e ateístas, milhares de monges foram presos e tantos outros foram martirizados dando testemunho de um fé inabalável.
Não há como negar a profunda relação ímpia entre o ideário totalitário comunista e a sede de sangue inocente. Seja por desculpas políticas ou mais atualmente pela liberdade individual e de expressão, a intolerância com aqueles que proclamam o evangelho do Senhor, sempre será motivo suficiente e eficaz para regar com o sangue dos mártires as terras que padecem sobre a influência destas ideologias.
Longe, no entanto, de afugentar pelo medo os seguidores do Crucificado - que não teve temor de se apresentar ao sinédrio, a Pilatos e manteve-se calado perante Herodes não receando sua condenação - faz ressoar por todo globo as palavras irrefutáveis de Tertuliano: O sangue dos Mártires é semente de novos cristãos.
Ensina a Santa Igreja, Mãe e Mestra, fazendo proclamar em toda terra a eficácia do martírio em levar a glória aqueles que se configuram ao Senhor e de testemunhar aos homens a salvação eterna.
"O MARTÍRIO é o SUPREMO testemunho
 prestado à verdade da fé, designa um testemunho que vai até a morte.
 O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, 
ao qual está unido pela caridade." 
Catecismo da Igreja Católica 2473
Mártir do zelo apostólico e do Amor Eucarístico: O Tarcísio Húngaro
| Pe. Janos Brenner | 
Nascido na província de Vas, localizada ao oeste da Hungria, Janos Brenner era o segundo de três filhos. Criado em uma família profundamente católica e piedosa, frequentou a escola secundaria de administração cisterciense em Pécs, logo após sua família se mudar para esta grande cidade próximas as montanhas e da fronteira com a Croácia. Profundamente comprometido com os seus deveres de estado foi uma estudante exemplar e piedoso, anos depois frequentou a escola de gramatica administrada pelos Premonstratesianos - ordem religiosa de cânones regulares de forte influencia cisterciese - passando nos exames para a escola de cisterciense em Zirc.
No ano de 1950 dá inicio ao seu noviciado com os cisterciense, recebendo o nome religioso de "Anasztáz" (Anastasius = ressureição), que teve que ser interrompida devida a perseguição promovida pelo regime comunista que oprimia o povo da Hungria e seu Deus. Neste período muitas casas religiosas e diversas ordens foram suprimidas a mando deste regime totalitário e ateísta.
O mestre noviço da Ordem de Cister, Pe. Lawrence Sigmond, em que Brenner noviciava, tendo em mente as palavras de São Bento "é atribuído à culpa do pastor toda falha que o Pai de família puder encontrar no progresso das ovelhas." e levado por amor paternal, procurando proteger os jovens em formação, os tirou da abadia e os enviou a famílias em apartamentos privados. Este jovens assim como os primeiro cristão, mesmo diante da perseguição não deixavam de se reunirem em segredo para louvar ao Senhor e se formarem intelectualmente.
Durante este período de perseguição Janos Brenner conseguiu participar do seminário diocesano, mesmo diante de muitas dificuldades estudou em Budapeste e Gyõr recebendo o sacramento da ordem em 19 de junho de 1955 na Catedral Diocesana de Szombathely pelo Bispo Sandor Kovacs.
Recebe então de seu Bispo o dever do exercício de capelão em St. Gotthard uma paróquia que por muitos anos esteve sobre os cuidados dos Monges Cistercienses. Tomado de zelo apostólico e pelo amor as almas, recebe com muita alegria esta missão, tento diante dos olhos a misericórdia do crucificado que deve ser comunicada a todos os homens pela boca de seus ministros, instrumentos da benignidade de Deus.
"Pois os ministros que são revestidos do sagrado poder servem a seus irmãos
 para que todos os que formam o povo de Deus cheguem a salvação." 
Lumen Gentium 
Como capelão de St. Gotthard exerceu um trabalho formidável de formação católica com os jovens que se viam inspirados pela vida e exemplos do recém ordenado Pe. Janos Brenner, sua influenciaa sobre os membros de sua paróquia e os moradores da região eram tão grandes que recebeu ameaças do governo comunista. Seu Bispo preocupado com a vida do jovem padre oferece a Brenner que exerça suas funções clericais em outro lugar longe das ameaças e perigo dos comunistas ao que ouve do Beato Sacerdote:
"Não tenho medo!" 
Afirmando sua fé em Nosso Senhor e o desejo de permanecer ao lado se seu recentes filhos espirituais. No dia 15 de dezembro de 1957, por volta da meia-noite, enquanto preparava a homilia para o dia seguinte foi chamado por um rapaz de 17 anos que conhecia, pois o servia no altar, à socorrer com os últimos ritos um fiel que supostamente estava doente numa cidade vizinha. Tomado pelo mandato do Senhor de socorrer os doentes, não pensou duas vezes, tomou consigo a Santíssima Eucaristia e a unção e se pois a caminho. Sendo logo emboscado na floresta e esfaqueado mais de 30 vezes, seu corpo foi encontrado pela manhã tendo as mãos sobre o peito onde se encontrava o Santíssimo, ficando conhecido como "Tarcísio Hungaro" por morrer protegendo o Santo Sacramento igual a São Tarsício. Foi enterrado no cofre da família na igreja salesiana de São Quirino, em 18 de dezembro. Em seu funeral muitos se aglomeraram para despedir-se e pedir sua intercessão, as autoridades que o mandaram matar tentaram impedir que se amontoassem em torno de seu funeral, mas todas as tentativas foram vãs. Seu lema de ordenação foi gravado em seu tumulo:
"Todas as coisas funcionam juntas 
para o bem daqueles 
que amam a Deus" 
Romanos 8:28
Aos longo dos anos muitos acorreram ao seu tumulo para pedir bênçãos e venerar o Pe. Brenner, no ano de 1989 foi erigida no local de seu martírio uma capela sobre o título de Bom Pastor, anos antes de 1981 na Igreja de Santa Isabel em sua cidade natal, foi dedicado a sua memória um vitral.
As investigações diocesanas foram iniciadas em 3 de outubro de 1999 e concluídas apenas uma década depois. O processo de beatificação foi aberto sobre o Papado de São João Paulo II, em 14 de fevereiro de 2001 e validado em 18 de setembro de 2009  e uma comissão de historiadores aprovaram a causa em 4 de setembro de 2015.
Sobre o então Papado de Francisco foi confirmado que Pe. Janos Brenner foi morto "in odium fidei". Em 8 de novembro de 2017, o pontífice aprovou a beatificação do Sacerdote. A liturgia solene ocorreu em 1 de maio de 2018 no parque da cidade de Szombathey.
Que o exemplo dos santos de Deus faça queimar em nossos corações o amor por Cristo. Beato Pe. Janos Brenner, rogai por nós!
Ps. Caso queira saber mais leia o artigo da ACIdigital:https://www.acidigital.com/noticias/beatificam-sacerdote-apunhalado-32-vezes-para-proteger-a-eucaristia-69156
Bibliografia:
- Revolução Húngara: https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolução_Húngara_de_1956
- As perseguições aos cristãos nos países socialistas: https://www.institutoliberal.org.br/blog/a-perseguicao-aos-cristaos-nos-paises-socialistas/
- Janos Brenner: https://en.wikipedia.org/wiki/János_Brenner
 


 
 
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